Aí
estaria o moço e o molhe de chaves pego ao acaso
Quem
sabe com alguma idéia germinando na cabeça
E a
percepção de que nenhuma migalha lhe bastaria
Numa
cena inundada de vento frio soando palavras
Na ação
aferrada ao tempo e seu perfeito quadrante
Com uma
carroça passando ao longe, além da ponte.
E
depois acontecendo quando nada é o que se espera
Ai não
estaria aquele moço aonde o fossem procurar
Não
seria visto balançando pernas na aba da ponte
E
apressados tentariam chegar antes dele e da noite
Ao que
seria seu plano apenas vagamente percebido
Até
quase um vento entrando em portas escancaradas
O homem
da bomba de gasolina traz afinal uma pista
Outros
só interessados em ficar sentados nos batentes
Entre
eles o hábito de calar ou de não medir palavras
Colher
gesto maduro de ser uma fruta suspensa no ar
Com a
notícia prosperando e fazendo que o tempo voe
Os
abstraindo assim das piruetas do vento na calçada
É bem
vinda se traz forma alheia, difusa de sofrimento
Alegre
é a corda pendendo de caibros nus da garagem
E anos
depois sob sol e chuva ela havia de permanecer
Largada
entre monstrengos férreos relegados à neblina
Via-se
a carcaça carbonizada da boléia de caminhonete
Apeada
ao chão, num jazigo de perguntas sem respostas
à
margem do caminho onde passavam, e ela sempre ali
Desde
que dele separada e trazida do aonde fora levada
Por
aquele nunca mais visto em nenhum lado da ponte
EXPLICAÇÕES DO FOGO
Eu sou
o fogo
Eis
aqui algumas
explicações:
Matéria
alguma
me faz. Eu as faço
E desde
o tempo, venho envolvido
Na
confecção do mundo
Que
mede meu exato tamanho
E o de
vossa infinita ignorância
Ao
contrário do que pensam
Forneço
a escuridão. Ela
Que
esta dobrada
Sobre
mim
E é tal
um manto
Que se
estende e me segue
Como
uma sombra, que fosse
Meu
outro lado, porque gerada
de mim,
e mais exatamente: da fumaça
E é
através dela, aqui e alí
Que me
podem entrever
Mas o
que apenas vêm
Não
passará de pequeno
E
multifário órgão:
A
crespa língua
Que vos
quer, no devido
Tempo,
esclarecer
(Mas
talvez não
consiga)
Por ora
vos deixo com o que
de
qualquer modo
Já
sabem:
Para
além de tudo que se engendra
Ou em
algum instante flutua
Mas no
próprio labor
se
consome
(No
próprio calor se devora)
Para
alem de tudo
que em
mim se conforta
e se
sustenta. Para alem do absoluto
Incandescente
coração da terra
É a
ausência de mim
Ou a
presença
Que irá
determinar vossos limites:
Num
extremo venho partindo
E no
outro vou chegando
Alberto Lacet é artista plástico e poeta, nasceu em Teixeira - PB em 1954.Publicou recentemente seu livro catálogo onde mostra parte de sua trajetória. Fez exposições pelo Brasil e pelo exterior, e seu trabalho faz parte de acervos importantes. O livro pode ser adquirido diretamente com o autor através de seu site: www.albertolacet.com
[revista
dEsEnrEdoS
- ISSN 2175-3903 - ano III - número 8 - teresina - piauí - janeiro fevereiro
março de 2011]