OS DESAFIOS DA FORMAÇÃO LEITORA DOS ESTUDANTES DA EDUCAÇÃO DO CAMPO

Uma perspectiva do espaço neorregionalista

IARA CARDOSO DE SÁ

HERASMO BRAGA DE OLIVEIRA BRITO

RESUMO

Este estudo traz uma reflexão sobre os desafios da formação leitora dos alunos do 8º ano do ensino fundamental, matriculados em escola pública, da Educação do Campo, numa perspectiva do espaço neorregionalista, que é uma continuação do regionalismo brasileiro num panorama contemporâneo. A relevância desse estudo reside numa proposta didática para diminuir equívocos de leitura, a partir de reflexões, faz-se necessário valorizar sua cultura e linguagem próprias, para o desenvolvimento da leitura e compreensão. Para tanto, identificou-se e categorizou-se o fenômeno pós-moderno como a informação, atribuída ao excesso do uso dos smartphones pelos alunos. Para fundamentar esta pesquisa, utilizou-se os estudos de Iser (1996), Gumbrecht (2010), Kleiman (2013), sobre leitura; Brito (2017), sobre neorregionalismo e Han (2023), sobre o excesso de informação e a ausência de narração, e, com base nos dados levantados em pesquisa piloto produzido por uma das pesquisadoras, buscam dar um tratamento teórico bem fundamentado para as dificuldades de leitura observadas. A amostra é constituída por 28 (vinte e oito) leituras textuais verificadas em aplicação da atividade-piloto para a turma do 8º ano (séries finais) da rede pública, localizada na zona rural do município de Codó (estado do Maranhão) e está, basicamente, dividida em duas etapas: (i) leitura textual espontânea dos alunos; e (ii) releitura após o levantamento dos problemas mais recorrentes, com a mediação e intervenção da docente. Em seguida, os dados coletados passaram por um procedimento qualitativo e quantitativo com vistas a averiguar os percentuais de ocorrências e desafios da formação leitora dos estudantes da Educação do Campo em uma perspectiva neorregionalista e relacioná-las ao contexto escolar pesquisado. Este estudo identificou que a informação, ou seja, o uso excessivo do smartphone, pode estar interferindo no desenvolvimento da leitura e compreensão do texto. Nesse sentido, com o intuito de minimizar essas ocorrências, e após o levantamento dos dados, a saída será trabalhar com a releitura dos textos e a conscientização para selecionar as informações advindas da pós-modernidade através dos smartphones de maneira positiva. Nessa perspectiva, o trabalho deve partir dessas ideias, para que seja possível mitigar ocorrências de interferências na leitura e compreensão de texto desses alunos, oportunizando a estes, a apropriação das convenções leitoras na aprendizagem das aulas de língua materna.

Palavras-chave: Desafios, Educação do Campo, Leitura, Neorregionalismo.

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LEMBRAR COMO ESPÉCIE DO IMAGINAR

Uma proposta neurofenomenológica sobre a memória como narrativa

 LUIZA PASSINI VAZ-TOSTES

 

RESUMO

Este artigo propõe uma formulação conceitual original: a de que lembrar constitui uma espécie do gênero imaginar. Com base em evidências da neurociência cognitiva — como a teoria da simulação episódica e os estudos da neuro-narratologia —, bem como em fundamentos da fenomenologia da memória e da teoria narrativa, sustenta-se que lembrar não é uma simples recuperação do passado, mas um processo de imaginação referencial. A memória é compreendida como forma simbólica de reorganização do vivido, ancorada em vestígios mas aberta à reconfiguração. A analogia espécie-gênero é tratada como operador epistemológico, e suas implicações éticas, estéticas e terapêuticas são exploradas à luz de sua validade externa em diferentes campos, como literatura, psicologia e educação.

Palavras-chave: memória, imaginação, narrativa, neurofenomenologia, identidade

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ENTRE O SILÊNCIO E O EXCESSO

O niilismo relacional em Dostoiévski

LARA PASSINI VAZ-TOSTES

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RESUMO

Este artigo propõe uma leitura comparativa entre dois personagens de Dostoiévski: o homem do subsolo, de Memórias do Subsolo, e Arkádi Dolgorúki, de O Adolescente, a partir da categoria do niilismo. Ambos recusam vínculos, escuta e sentido — mas por caminhos diferentes. O primeiro representa o niilismo da interioridade: um recuo irônico e ressentido, que rejeita a ordem do mundo por medo e autodefesa. O segundo encarna o niilismo da projeção: um impulso de afirmação sem ética, movido por delírio de grandeza e recusa da partilha. Articula-se Dostoiévski com Nietzsche, Mauss, Ricoeur, Taylor e Byung-Chul Han, propondo que o vazio de ambos é uma crítica à modernidade que exige valor sem reciprocidade.

Palavras-chave: niilismo; Dostoiévski; subjetividade; gesto; escuta.

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