HENRIQUE DUARTE NETO
Livro recém-lançado, neste 2025, O irrefreável, de Alexei Bueno, saído por sua própria editora (Anadiômene), é um caso de poema-opúsculo potencializado por distintas atmosferas cromáticas. O aludido irrefreável é um rio, ou antes córrego, que atravessa parte da capital do estado do Rio de Janeiro prefigurando para o poeta-pensador reflexões e imagens acerca do ser humano, das coisas em si e, no geral, do próprio fenômeno da existência, em sentido estrito e amplo. Esse rio, inclusive, tem nome, Trapicheiros ou Trapicheiro, sendo cada uma das formas enaltecida, já que o período de tempo em que se fez e faz alusão a ele se alterou, gerando, assim, a dualidade referencial. O poema de certa forma segue o desnível do rio (desnível mais intuído pela estrutura do que dito pelo poeta), com versos longos e curtos, prioritariamente sem o recurso explícito das rimas, o que em livros como O sono dos humildes (2021) e Naquele remoto agora (2024), esteve, pelo contrário, presente de forma recorrente.