DAS FERIDAS NARCÍSICAS EM “ELES ERAM MUITOS CAVALOS”

LUCAS NEIVA DA SILVA

Do espanto nasce a mestiçagem entre poesia e filosofia. Isso é discutido por Pucheu em Escritos da admiração, quando o poeta afirma que ambas se aproximam não tanto pela via da interrogação, da dúvida, mas pela via da exclamação. Da “exclamação das palavras que insistem em transbordar com o admirável” se materializa uma poesia-pensamento. Consequentemente, essa “miscigenação conduz da apatia ao páthos do admirável, do aético ao éthos do espanto”.

Pois bem. Nessa perspectiva, é possível pensar que o espanto que emerge da e na literatura possui um potencial filosófico. O acontecimento espantoso – ou, em um neologismo imperfeito, evento espantático, em analogia ao evento traumático da psicanálise – funciona como uma zona de indiscernibilidade e transdisciplinaridade entre o poético e o filosófico, na ordem do “o quê?” para o primeiro, e do “como?” para o último.

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